domingo, 16 de maio de 2010

Não bebemos apenas cosumimos

Como podem dizer que os gato não tem alma?

Mundo Cigano

SUPLEMENTO DO LÉXICO CIGANO

Asséde Paiva

Rev. Acir Reis

“Uma língua que não conhecesse nenhuma forma de neologia

seria uma língua morta e, em suma,

a história de todas as nossas línguas constitui a de sua neologia”.

(B. Quemada)

P

or que suplemento? Simples, porque jamais conseguirei terminar este tema: enriquecimento da língua portuguesa, com todos os termos ciganos. Palavras novas serão sempre adicionadas ao corpus de nossa língua. Os ciganos estão por aí, em toda parte de nosso Brasil, e são mais de um milhão. Vieram para ficar, para enriquecer nossa história, nosso folclore, participarem de nossa vida como políticos, escritores, musicistas, circenses, comerciantes e lendo nossa sorte. E de vez em quando adicionando uma palavrinha ao nosso português. Aliás, sua contribuição, embora pequena, é maior do que a participação de outras etnias. Lemos no Dicionário etimológico da língua portuguesa (Livraria Francisco Alves, 1932, p. XXIV, de Antenor Nascentes) que línguas estrangeiras participam no nosso léxico assim: italiano 300; espanhol 130; francês 200; inglês 100 (hoje muito mais); alemão 50. Assim, o romani/calom ou cigano, com 100 verbetes (segundo o Aurélio) ou pouco mais, está muito bem colocado. Lemos na internet http://www.filologia.org.br que temos quantitativamente os seguintes empréstimos lingüísticos, segundo Houaiss: latim 472; grego 261; árabe 609; inglês 164; afr./ind. 37. Inferimos pois que a contribuição cigana não é desprezível e bem merece um tratamento entre iguais no acervo de nossa língua. Espero que a Academia Brasileira de Letras e o Museu da Língua Portuguesa levem em conta estes argumentos. Garimpando no Dicionário de Nascentes, cit., na introdução do referido glossário, ele relacionou estas palavras como de origem cigana: calão = gíria; cigano = cigano; gajo = pessoa; lolé = pimento que se encontra no dialeto romani, e se emprega em sentido figurado, com sal; místico = bom, do calô mistó, bom; pio = embriagado; tasca = taberna, do calô espanhol. Em A gíria brasileira, do autor supra mencionado, encontramos como de origem cigana estes verbetes: bato = o pai, o chefe; burzeca = espora.

Em seqüência, informamos que o primeiro trabalho foi intitulado Verbetes Romani/calom e privilegiou palavras já dicionarizadas, seja no Houaiss, ou no Aurélio Séc.XXI, ou em Cândido de Figueiredo, ou no Dic.Michaelis, eletrônico. Aceitamos também as sugestões do filólogo Francisco Adolfo Coelho e do Antropólogo Olímpio Nunes entre outros. No segundo trabalho que intitulamos Léxico cigano II, demos ênfase ao grande J. B. D’Oliveira China, em seus eruditos estudos sobre a origem de algumas palavras do romani e do calom. Neste terceiro e, por ora, último trabalho registro as lições de Antenor Nascentes e de Alves Simões. Consegui cópia do livro deste último após muita luta e muitos e-mails a Portugal. O livro de Alves Simões é intitulado Ementário de ciganismos, gerigotismos, plebeísmos, provincianismos, regionalismos e vulgarismos, usados em alquilaria, aurigia, exteriror, hipologia, marchantaria, picaria, siderotecnia, tauromaquia, tráfico de animais etc. etc. Utilizam-se palavras reconhecidas no português mas com o sentido próprio dado ao relacionamento dos ciganos com cavalos.

Passaremos ao registro dos ciganismos que encontramos ao ler A gíria brasileira, de Antenor Nascentes, Rio de Janeiro, Livraria Acadêmica, 1953.


Babanim = mulher formosa.

Baque = felicidade.

Barraca = guarda-chuva. Por causa da forma e do destino.

Bato = o pai, o chefe da família.

Birguela = viola.

Burzeca = espora.

Bute = objeto de alto preço.

Calim = a cigana.

Calô = linguagem especial de que usam os ladrões, o mesmo que calão. O vocábulo existe na gíria espanhola. De kaló, um dos nomes nacionais dos ciganos e que significa “negro”. De origem indiana: sânscrito kala, (Adolfo Coelho, Os ciganos de Portugal, 153).

Calom = variante de calô.

Cambalim = amor, paixão.

Chavém = criança, pirralho.

Chavina = moça estranha.

Chibe = o vocabulário cigano.

Chuvim = faca, punhal.

Coconão = mentiroso.

Crali = chefe dos chefes.

Dica = denúncia. Dar a dica, denunciar.

Diclom = lenço.

Diclume = xale, mantilha.

Duvela = lua.

Gadanhos = os dedos das mãos.

Gade = camisa.

Gajão = pessoa estranha, não-cigano.

Gandaia = vadiagem.

Gazim = mulher estranha [aos ciganos].

Iaiá = chita.

Jeró = cara, rosto.

Laxim = bondoso.

Mangalho = membro viril.

Mangar = mendigar, pedir, solicitar.

Manguinhar = esmolar.

Momeli = luz.

Paio = [....] homem estranho, que não pertence à tribo.

Panhi = água.

Patuléia = plebe.

Pirar = fugir.

Primo = o pai do noivo.

Querdapanim = pessoa estranha.

Rom = homem cigano.

Runim = mulher.


Em continuidade daremos os verbetes registrados no Ementário de Alves Simões:

Chalaça = graciosidade no andar do cavalo.

Desfrutado = cavalo que já não se pode desfrutar.

Desfrutar = explorar, gozar um cavalo.

Duro = velho.

Escravo = cavalo de ótimas qualidades, e sempre pronto para todo o trabalho.

Espiga = compra ou escambo de animais em que uma das partes sofreu grande logro.

Faca = cavalo pequeno, de cavalaria, e geralmente castrado.

Farrapagem = ponta de gado muito ordinária.

Fogo = animal que teve ferimento cauterizado.

Gemido = cavalo tarado.

General = cavalo recomendado por sua reconhecida mansidão, e aparatosos movimentos.

Gênio = alma [falando de cavalo].

Leque = rabejar, o cavalo.

Lupado = cavalo conhecido.

Matar = reconhecer um cavalo quando o desfiguram, para ser perdido de vista.

Orelha = orelha por orelha é um ciganismo indicando o alborque de qualquer animal por outro, sem tornas a dinheiro.

Papaléguas = cavalo que anda muito, a passo.

Pau = animal com que é preciso jogar o pau, é o excessivamente macio, trabalhando só à força de chicote.

Pisar = pisa bem o cavalo que anda com estilo ou chalaça.

Prata = cavalo de pouca prata é o de pouco valor venal.

Querer = o cavalo que não quere, se pega e recusa puxar.

Refrescar = é aplicar uma sangria ao animal e ministrar-lhe alimentação especial com o fim fraudulento de ocultar a pulmoeira.

Sala = é o cavalo de quartos muito abertos.

Traste = rico traste! Expressão altamente laudatória das boas qualidades de um cavalo. Aplica-se a um animal bom em todo o sentido.

Vento = cavalo com pouca venta é o que por efeito de doença tem pouco fôlego.

Virado = diz-se do animal que tendo perdido manha ou vício em tempo manifestado, se lembrou dele, exibindo-o novamente.

Zangaralhão = é o cavalo de pernas fracas, quase sempre excessivamente canejo e de curvilhões vacilantes.

Vê-se pois que o Ementário de Alves Simões relaciona palavras corriqueiras em português, que os ciganos deram-lhes outro sentido. Não serão pois adicionadas à síntese geral. Esta síntese inclui os dois trabalhos anteriores: a) Verbetes romani/calom e 2) Léxico cigano II, bem como os verbetes citados por Antenor Nascentes.

Finalmente, todas as palavras e seus significados serão anotadas de modo mais simples para que não se perca a noção do conjunto da trilogia (dados adicionais estão nos trabalhos anteriores citados). Todos os verbetes são de origem romani/calom ou cigana, embora em muitos casos os dicionários consultados registrem uns e outros como de origem desconhecida, ou do sânscrito, pácrito, marati, panjabi, hindi, espanhol, árabe etc. Pode até ser assim, mas quem os trouxeram foram os ciganos. Nem todos os verbetes estão dicionarizados, mas foram abonados por grandes mestres como: Adolfo Coelho, D’Oliveira China, Olímpio Nunes e outros. Também aqui, na relação que se segue, não levamos em conta se são ou não são gírias, se são usadas aqui, no Brasil, ou em Portugal, ou se são arcaísmos, ou quem as registrou etc. Admitimos que algumas palavras, se melhor estudadas pelos doutos, deverão ser desconsideradas, mas o trabalho no todo permanece válido, e esperamos despertar a sensibilidade dos filólogos para este estudo, bem como dos imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL) e do Museu da Língua Portuguesa.

Síntese Geral:

1 Adicar = estar de acordo com (algo); aceitar, convir; enxergar (algo); ver; namorar.

2 Aguaruça = extremidade, fim.

3 Âmbria = fome.

4 Ancu = aviso, prevenção.

5 Aranim = rapariga.

6 Avelar = ter, possuir.

7 Avezar = ter, possuir; (al+vezar) acostumar(-se), habituar(-se).

8 Babanin = mulher formosa.

9 Bagata = pessoa que tem trato com o diabo; ação ou acontecimento maléfico atribuído a magos ou bruxos; feitiço, bruxaria.

10 Bagunça = falta de ordem; confusão, desorganização; farra ruidosa; baderna, bagunçada.

11 Baldroca = engano, troca fraudulenta, trapaça, logro; transferência mútua e simultânea de coisas entre seus respectivos donos; troca, escambo.

12 Balsar = soltar ladridos; latir, ladrar.

13 Banza = guitarra portuguesa; viola ou violão.

14 Banzé = festa popular com danças ao som de viola; clamor de vozes; algazarra, banzé-de-cuia, gritaria; confusão, tumulto.

15 Baque = felicidade.

16 Bardeiro = autoridade em geral, juiz.

17 Bari = juiz.

18 Berjina= cereja.

19 Barraca = guarda-chuva. Por causa da forma e do destino.

20 Barroada = espécie de ganido que dá o cão ao encontrar rasto fresco; transação lucrativa.

21 Basta/bata = mão.

22 Bato = chefe de família, pai.

23 Biaba = assalto a mão armada para roubar; pancadaria grossa.

24 Bibi = princesa ou grande senhora.

25 Bilontra = velhaco, biltre, libertino.

26 Biancum = alerta! Sentido!

27 Birguela = viola.

28 Bocachim / bocanhim = bacamarte, clavina, trabuco.

29 Boliche = boliche.

30 Borga = folguedo ruidoso e alegre com danças e batuques, esp. no fim de um trabalho no campo; folia, pândega; vida airada, vadiagem.

31 Brejina = cereja.

32 Briol = vinho reles; vinho em geral; bêbado, ébrio.

33 Bufo = homem avarento, usurário; polícia secreta; delator, informante.

34 Buldra = pudendum mulieris.

35 Burzeca = esporas.

36 Bute = objeto de alto preço.

37 Cachucho = anel grosso, de ouro ou com brilhante; pedra preciosa; papelote para enrolar, cachear ou anelar os cabelos.

38 Calcorrear = percorrer a pé, esp um caminho longo; andar muito a pé; andar depressa.

39 Calão = dialeto cigano, caló, ‘cigano’; uso de termos baixos e grosseiros.

40 Caleço= de calé, quartilho.

41 Calim = mulher.

42 Calmeirão = preguiçoso; indivíduo corpulento mas molengueiro.

43 Caló = língua falada pelos ciganos na Espanha, em Portugal, e no Brasil; calão, cigano, gitano, lusitano-romani, romani-ibérico, romenho. [É diferente de qualquer outro romani, uma vez que conta com um vocabulário ativo de cerca de 100 palavras do romani, com estrutura do português e do espanhol].

44 Calom = cigano, indivíduo de um povo itinerante.

45 Calona = de calão, mulher que exerce a prostituição.

46 Cambalim = amor, paixão.

47 Cangarina / cangra / gangarina = igreja.

48 Canguelo = atitude de acanhamento; timidez; sentimento de ódio; rancor, raiva.

49 Cardina = grumos de imundície que aderem à lã ou ao pêlo dos animais; m.q. badalhoca (mistura); sujidade visível na pele das pessoas; carda, encardido; bebedeira, pileque.

50 Carocha = mitra de papelão, ornada com pinturas extravagantes, que os condenados pela Inquisição levavam na cabeça ao serem conduzidos para o suplício; carapuça de papel que se colocava na cabeça das crianças como forma de castigo; pequeno fogão usado por funileiros para aquecer os ferros; m.q. cunete (ato); mulher velha e/ou feiticeira; bruxaria.

51 Cate = medida de peso.

52 Catraia = meretriz de baixa categoria; boteco em que se vendem bebidas alcoólicas a varejo; baiúca, taberna.

53 Catraio = criança pequena; menino, garoto.

54 Chala = absolvição.

55 Chalar = fugir, escapulir, pisgar-se.

56 Chalupa = galocha; bota ou botina grosseira; indivíduo não muito certo da cabeça; adoidado, amalucado.

57 Chara = modo, maneira, costume.

58 Chavi / chavem= menino ou menina, criança, pirralho.

59 Chavina = moça estranha ao bando de ciganos.

60 Chêra = tenda.

61 Chibe = o vocabulário cigano.

62 Chibalé = pessoa contra quem se luta ou se fala; contendor.

63 Chordar = furtar.

64 Choarra = ponto de reunião de ladrões ou gatunos.

65 Chorro = ladrão, gatuno.

66 Churinar = esfaquear.

67 Churré = jovem.

68 Chuvim = faca, punhal.

69 Cigano = cigano.

71 Clises = olhos.

70 Coconão = mentiroso.

72 Copázio = copo muito grande; conteúdo líquido de um copo grande.

73 Costilha = o mesmo que costela, armadilha.

74 Corrupio = grande pressa ou correria; afã, roda-viva.

75 Cosque = casa.

76 Crali = chefe dos chefes.

77 Dabo = pai.

78 Devi = deusa; por antonomásia, Cáli ou Durga, mulher de Xiva.

79 Dica = informação ou indicação boa; plá, pala; denúncia.

80 Diclom = lenço.

81 Diclume = xale, mantilha.

82 Diquinhar = ver.

83 Duvela = lua.

84 Empandeirado = oprimido; inchado, embuchado, enganado, logrado, despedido, mandado embora; empachado, enfartado; embaído, ludibriado.

85 Endinhar = abonar, afiançar.

86 Endrômina = ardil, impostura, artimanha; andrômina.

87 Estache = chapéu .

88 Estarim = calabouço das estações policiais.

89 Estribelho / estaripel / estariben = tribunal.

90 Faiante = fadista; impostor.

91 Felá = cara, fisionomia.

92 Fulheiro = trapaceiro em jogo.

93 Fungagá = orquestra ou charanga desafinada; qualquer música desafinada; baile popular.

94 Gabinardo = vestuário; corpete de mangas compridas; tipo de gabão.

95 Gadanhos = os dedos das mãos.

96 Gade = ritual de origem oriental praticado nos casamentos dos ciganos, em que uma sacerdotisa rompe o hímen da noiva com o dedo e limpa o sangue numa camisa que o noivo mostra aos convidados; vestuário; camisa (peça de roupa).

97 Gajão = indivíduo muito esperto; tratamento respeitoso (equivalente a senhor) dado pelos ciganos a pessoas estranhas à sua raça.

98 Gajo / gaché / gadzó = homem, sujeito, o que anda à boa vida; libertino; espertalhão.

99 Gamar = ficar encantado, apaixonar-se, vidrar.

100 Gandaiar = revolver o lixo à cata de algum objeto de valor; exercer o ofício de gandaieiro; perder a seriedade, o comedimento; desmoralizar-se; cair em vida desregrada ou dissoluta; galhofar, bandalhar, cair na bandalha, cair na gandaia.

101 Gangarina = templo cristão, igreja.

102 Ganiços = dado de jogar (mais us. no pl.); dedo (mais us no pl.).

103 Gazim = mulher extravagante, estranha entre os ciganos.

104 Gerema / jeroma = mulher que amamenta ou mulher esposa de ladrão.

105 Giraldina = pândega.

106 Graia = cavalo.

107 Grane, grané, graste = cavalo.

108 Grani = égua.

109 Grenhi = burro.

110 Gris/griso = frio intenso.

111 Grossura = alimentação farta; bebedeira; grosseria (caráter e expressão).

112 Iaiá = chita.

113 Janhar = chorar; velório dos ciganos, em que os objetos de uso pessoal do morto (suas roupas, o prato em que comia, a viola, as jóias etc.) eram empilhados junto ao catafalco para serem vistos e associados a outras lembranças evocadas, entre lamentações, pelos presentes.

114 Jerô = cabeça, cara.

115 Kartina = cigana.

116 Kambalim / cambalim = amor, paixão amorosa.

117 Lachim = bondoso; pudico.

118 Lascar = quebrar ou rachar em lascas; tirar lascas de; abrir, fender-se em lascas.

119 Liró = diz-se do que é bom, alegre: fado liró.

120 Lodo = ouro ou prata.

121 Lolé = sal.

122 Luca = carta.

123 Lumia = meretriz.

124 Maduro = bebida fermentada, feita com mel e água.

125 Mancar = descumprir um compromisso.

126 Manês = homem.

127 Mangalho = membro viril.

128 Mangar = escarnecer fingindo seriedade, caçoar. Falar mentira, enganar.

129 Mangue = eu.

130 Manguinhar= esmolar, pedir, vadiar.

131 Manteiga = substância gordurosa e alimentícia que se extrai do leite de vaca.

132 Manuche = indivíduo cigano.

133 Maralha = grupo (ger. grande) de pessoas; pessoal, multidão; ralé, escumalha.

134 Marar = matar; esfaquear. Segundo Dalgado, o vocábulo provavelmente entrou na língua portuguesa através dos ciganos.

135 Marosca = manobra ardilosa; trapaça, tramóia.

136 Marrela = pão.

137 Marroco = pão dormido, já meio duro.

138 Mengar = menear-se, fazer movimentos e gestos licenciosos, eróticos.

139 Místico = apetitoso, muito bom, ótimo, excelente; que tem boa aparência; airoso, loução, perfeito; acordado.

140 Moncoso = que segrega ou em que há muito monco; ranhoso; sórdido, vil.

141 Nanai = nada.

142 Pachacha = pachoucho.

143 Paio = homem estranho à tribo.

144 Panhi = água.

145 Paivo = paivante ('cigarro').

146 Parnau, parné, parne, parni, parneque = dinheiro.

147 Parruda = mulher virgem; mulher grosseira; negócio ilícito.

148 Patuléia = plebe.

149 Patusco = que gosta de patuscadas; que ou aquele que gosta de brincar, de se divertir e

divertir os outros; brincalhão; que ou aquele que é dado a extravagâncias, a

excentricidades; ridículo.

150 Paxaxo = pé largo.

151 Pechincha = interesse ou vantagem material considerável; lucro que não se espera e/ou que não se merece; qualquer coisa cujo preço é muito baixo; barganha.

152 Pelego = a pele do carneiro com a lã; essa pele colocada sobre os arreios para tornar o assento do cavaleiro mais confortável; tapete rústico feito dessa pele; agente disfarçado do governo que procura agir politicamente nos sindicatos de trabalhadores; indivíduo servil e bajulador; capacho, puxa-saco.

153 Piar = beber vinho; beber qualquer líquido alcoólico.

154 Pildra/peltra = tarambola ('roda hidráulica'); prisão, cadeia; cama, catre.

155 Pileque = estado de bêbedo; bebedeira.

156 Pio = embriagado.

157 Piranha = dança, música; dança de roda infantil em que um participante, colocado no meio de um grupo, deve fazer o que os outros mandarem.

Chora, chora, chora piranha,

Torna a chorar, piranha,

Põe a mão na cabeça, piranha,

Põe a mão na cintura,piranha,

Faz um requebradinho, piranha,

Mais um sapateadinho, piranha.

Diga adeus ao povo, piranha,

Pega na mão de todos, piranha,

Piranha foi à missa, piranha,

A saia dela caiu, piranha,

Estava perto dela, piranha,

E ela não me viu, piranha.

A tal piranha faz o que se lhe manda, chorando, pondo a mão na cabeça, etc. Por fim, conseguindo agarrar a mão de qualquer dos da roda, puxa-o para o meio do círculo, tomando-lhe o lugar. Assim se continua. (Vila Boa, História e folclore, in Regina Lacerda; Câmara Cascudo, in Dicionário do folclore brasileiro).

158 Pirar = retirar-se discretamente, cair fora, dar o pira; empreender fuga; evadir(-se), safar(-se); tornar-se louco ou meio louco, amalucar(-se).

159 Piro = ato de pirar.

160Plaustra = capa.

161 Pocachim = clavina, trabuco.

162 Polha = franga; galinha; rapariga.

163 Prajandi = cigarro.

164 Punguista = que pungueia; batedor de carteiras, carteirista, punga, trombadinha.

165 Punida = palha.

166 Querdapanim = pessoa estranha.

167 Querdar = fazer.

168 Quêres = pessoas estranhas aos ciganos.

169 Rangar = tomar (algo) por alimento; alimentar-se, comer.

170 Rango = alimento servido numa refeição; comida; refeição.

171 Raso= frade, padre.

172 Rantanhi, retanhi = gazua.

173 Rom = homem, designativo de cigano originário dos Bálcãs, entre os próprios ciganos.

174 Romani = relativo a ou um complexo de dialetos falados por ciganos de diferentes países e que genealogicamente pertencem à família indo-européia, ramo indo-irânico, sub-ramo indo-árico, grupo sânscrito; cigano. Ver caló; vocábulo do romani [cigano; tzigano].

175 Roméia = algaravia dos ciganos, segundo Guimarães Rosa.

176 Romenho = língua falada pelos ciganos de Portugal, e que não é mais que o espanhol

influenciado pelo português.

177 Runim = mulher.

178 Rupim = rico.

179 Rustir = lesar na partilha de furto ou roubo.

180 Sansoniche = silêncio!

181 Sarda = punhal, faca.

182 Sinti = subgrupo cigano.

183 Soniche = silêncio!

184 Sorna = que dissimula os atos ou os sentimentos; fingido, hipócrita, manhoso; que

aborrece; fastidioso, maçante; que ou aquele que é indolente por astúcia, voluntariamente

preguiçoso; que ou aquele que perdeu a reputação; desacreditado, desqualificado; muita

lentidão, demora para se fazer algo; vagar, lerdeza, pachorra; lentidão voluntária, mas

dissimulada; ato de dormir; sono, adormecimento; soneca ; cama, leito; hora noturna;

noite; aguardente de cana; cachaça.

185 Tasca = maltrato por meio de pancadas; sova, surra; casa de pasto reles; baiúca;

restaurante de segunda classe que serve cafés, lanches e também refeições em mesas.

186 Telo = Jumento (mastzoo).

187 Tronga = mulher que exerce a prostituição; meretriz, prostituta; mulher muito gorda, malcuidada, desarrumada; trongalheira; mulher desonesta, de mau proceder.

188 Xavrin = hárpia, feiticeira.

189 Xarda ou czarda = dança, música; dança popular húngara, provavelmente de origem

cigana, com abertura lenta e melancólica e um ápice vigoroso e veloz em sua parte

principal.

190 Xátria = relativo a ou indivíduo dos xátrias, membros hereditários da casta militar, a

segunda da tradicional estratificação social indiana; chatria, chátria, chardó, charodó,

quetri [Formada pelos descendentes dos guerreiros arianos invasores da península da

Índia, a casta dos xátrias perdeu seu significado estritamente militar no decorrer do processo

histórico].

191 Xeba = belo, bonito.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Têoria Ciêtifica...

He... Pode até parecer estranho um Lord dizer quem ele realmente é, mas agora eu e você aqui formado de átomos que fizeram parte de milhões de outros organismos, e sentado nessa massa redonda com núcleo de ferro liquido preso por essa força cômoda chamada de gravidade, girando o tempo todo ao redor do sol a 107.000 quilômetros por hora e viajando pela via láctea um milhão de quilômetro por hora, no universo que pode estar perseguindo a sí próprio a velocidade da luz, no meio de toda essa atividade frenética plenamente consciente do nosso fim eminente que um jeito bonito de se dizer que todos vão morrer e procuramos um ao outro.

-Às vezes por questão de vaidade
_Às vezes por motivo que você ainda não entende, muitas vezes nos procuramos sem esperar nada de volta.
Não é estranho?
Não esquisito?
Não é muito esquisito?
Por que muitos pensam ser de marte?

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Às vezes esquecemos que as crianças acabaram de chegar na terra, são pequenos alienígenas, que ganham existência como pacote de energia e potencial numa espécie missão de exploração, e só estamos tentando aprender o que significa ser humano, por algum motivo o Senhor Jesus e eu procurávamos algo no universo e nos encontramos e nunca vou saber nem o por quê?
Mas descobrimos que posso amar um alienígena e ele pode amar uma criatura e isso é o suficiente para nós dois.

Quando digo o que sou, de alguma forma eu faço para também dizer que não sou. O "não ser está no
averso do ser", assim como tecido só é tecido porque há um avesso que o nega, não sendo outro, mas completando-o. O que não sou também é uma forma de ser. Eu sou eu e meus avessos.